Pular para o conteúdo principal

Coisas da vida

A vida não é linear. Não estamos sempre bem, não estamos sempre mal, há dias bons, há dias assim-assim, há horas muito difíceis. 
A vida põe-nos muitas vezes à prova e prega-nos partidas que não estávamos à espera. Tira-nos o chão, puxa-nos para trás, dá-nos um murro no estômago, mostra-nos que nada é certo e tudo é imprevisível. 
Há momentos bons, em que rimos até chorar, até doer a barriga, sorrimos com todas as forças, damos gargalhadas, dançamos, dizemos parvoíces e brincamos como se voltassemos a ser crianças. Momentos em que parece que tudo encaixa, tudo está no sítio certo, tudo está bem, tudo vai seguir o seu rumo. Momentos em que estamos com quem gosta verdadeiramente de nós e isso basta. Nesses momentos tudo isto é o que basta. 
Mas a vida continua a girar e o que ontem pareciam momentos bons, hoje já passaram, ficaram para trás, não voltam nem se podem repetir exatamente como foram. 
A vida, sabiamente ou nem tanto, acaba por nos mostrar a verdade nua e crua, doa a quem doer. A uns dói mais que a outros, a uns mostra mais do que a outros, a uns pune mais do que a outros. 
É injusta e sempre vai ser. 
Mas também nos abre os olhos e mostra o que, de facto, está à nossa frente. Cabe-nos a nós tirar as lições que nos compete aprender, mesmo que não tivéssemos essa necessidade, mesmo que essa lição já tenha sido aprendida na aula anterior. 
Às vezes é preciso engolir em seco, respirar fundo e seguir em frente, começar de novo, sem pesos, sem expectativas, sem grandes ideais a não ser buscar a nossa paz de espírito, a nossa paz interior e a nossa felicidade. Sem pensar muito nos outros, pensar em nós primeiro, não esquecendo as nossas raízes, os nossos pilares, os nossos portos seguros, mas sem deixar que nos prendam, que nos amarrem ao nada em que estamos. 
Às vezes  temos que abrir mão e deixar ir, apesar da dor, apesar do amargo e do aperto no peito. Porque não podemos arrastar para o turbilhão quem precisa de respirar, não podemos prender quem quer aprender a voar. Temos sim que dar asas e soltar para o infinito. 






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Palavras suspensas

Há dias em que as palavras nos faltam. Dias em que não conseguimos destrinçar o novelo dos pensamentos, nem encontrar aquele fio perdido que nos permite dar seguimento a uma simples frase.  Há momentos em que, simplesmente, não conseguimos traduzir aquilo que estamos a sentir.  Dias tristes, sem razão aparente, em que tudo está exatamente como ontem e, provavelmente, igual ao que estará amanhã. Não falta nada essencial, tudo o necessário, o estritamente necessário, está lá, mas falta tudo o resto.  Falta o calor, falta a luz, falta a brisa no rosto, falta a voz calma e calorosa que nos diz: "Vai ficar tudo bem." "Vai dar tudo certo." "Acredita!"  Nem todos os dias são bons.  Nem todos os dias são de esperança.  Há dias de saudade, de tristeza, de falta de esperança e de perspectivas para dar um passo em frente e seguir.  Há dias em que só apetece "estar".  Estar aqui, pairar pelo dia fora, sem fazer nada que contrarie o rumo qu

Novos tempos

 Vivemos dias estranhos.  Tempos em que deambulamos, tal fantasmas, tentando perceber os quês e os porquês, tentando decifrar o caminho mais seguro, tentando aprender os novos tempos que nos sufocam os gestos e a alma.  Ansiamos por liberdade, por abraços e afetos, por respirar o ar livre de quem sabe o amanhã risonho e seguro.  Por agora resta-nos continuar este trilho inseguro, com um nó no peito, entre o assustados e o expectantes, sem saber quais as verdades que nos estão reservadas.  Cabe-nos seguir com um misto de esperança e incerteza, precavidos e desalentados, com fé no futuro, mas receio nos dias, dando o melhor de nós a cada esquina.  A esperança permanece, por mais dura que seja a viagem. Apesar dos tempos em que nos dizem que as lonjuras são necessárias, esperamos pelo dia em que as distâncias se apaguem e os sorrisos nos voltem abertos e espontâneos, tal como os braços que não mais se fecharão.  Aguardamos pelas mesas, novamente cheias, de risos e gargalhadas, os espaços

Que mundo é este?

O mundo está imundo. Carregado de ódio, invadido por pessoas de mau carácter, ou sem carácter nenhum, cheio de gente desumana, que não valoriza a vida, nem a sua nem a de quem está próximo. Cada dia aumenta o desamor, o rancor, a raiva. Todos os dias sobe o desrespeito pelos outros, pela vida humana. Como é possível desrespeitar aquilo que temos de mais sagrado? Como é possível não olhar a meios para atingir o final que se quer? Como podemos viver num mundo onde o ódio cresce ao virar da esquina? Onde se mata quem deveríamos ter de mais precioso, apenas por cobiça, por mesquinhez, por egoísmo… Como podemos esperar um mundo melhor, se a cada dia que passa, morre mais uma mulher, vítima da maldade de quem um dia amou. O amor não é isto! O amor leva-nos a sermos melhores, a querermos o bem de quem amamos, a preferir sofrer no lugar dessa pessoa, a querer sempre o melhor para ela, mesmo que longe de nós… O amor não nos faz matar por ciúme, por egoísmo, por desejar alguém a