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Mostrando postagens de outubro, 2018

Os silêncios

Há silêncios ensurdecedores… Aqueles silêncios que teimam em calar aquilo que mais queremos ouvir, que teimam em amordaçar as respostas que precisamos escutar. Por vezes precisamos que as vozes que se calam, gritem a plenos pulmões, nos mostrem o caminho, nos ensinem a verdade, nos abram os olhos para algo que não conseguimos enxergar. Há momentos na vida em que precisamos de limpar a nossa mente, de esvaziar a alma de tudo aquilo que a está a intoxicá-la, a enchê-la de dúvidas, de incertezas, de frustrações… Há dias em que precisamos de fazer uma pausa, olhar para dentro de nós e sentir verdadeiramente… Apenas sentir. Sentir quem somos, o que somos, aquilo que queremos e aquilo que precisamos. Sentir quem temos no mesmo barco, quem está disposto a remar connosco, a fazer frente a ventos e marés. E permanecer em silêncio, ouvir os sinais, ouvir os nossos próprios pensamentos e não nos deixar contaminar por opiniões alheias. Mas, findo este pequeno isolamento, precisamos de ouvir

Portas fechadas

Sempre nos disseram que “se fecha uma porta, mas abre-se uma janela”. Será que é mesmo assim? Às vezes parece que se fecham as portas, as janelas, as cortinas e as persianas! Parece que a nossa vida se prepara para um furacão imaginário e, por isso, se fecha bem fechada para não ser devastada. Ficamos presos em nós mesmos, sem luz, sem saída, sem conseguirmos sair do mesmo lugar, sem conseguirmos sequer ver uma fresta do que aí vem. E o problema disto é que, em vez de a tempestade estar lá fora e nós ficarmos protegidos, ela fica do lado de dentro da barricada, connosco, a abalar as nossas bases, as nossas convicções e a tentar arrastar-nos na ventania. O que fazer então? Quando parece que não há saída e que todas as portas estão fechadas a sete chaves? Não é uma resposta fácil, nem será fácil encontrar uma saída, mas tenho a convicção que alguma saída há-de haver. Devemos procurar no mais profundo do nosso ser, porque algures haverá uma chave que encaixe em alguma das fecha

Vamos fugir para Marte?

Às vezes tenho a sensação que vivo no planeta errado. Um planeta cheio de  buracos e locais recônditos, cheio de cantos e recantos e verdades escondidas.  Um planeta onde a justiça nem sempre impera, onde os valores andam pela hora da morte, onde o bom senso tirou férias.  As pessoas indignam-se pelas coisas erradas, regozijam-se pelas coisas mais fúteis, valorizam o que não vale nada.  Talvez num Marte distante consigamos recomeçar uma nova espécie humana, qual Arca de Noé, capaz de reter apenas o que é bom no ser humano. Talvez lá possamos renovar a esperança nesta humanidade perdida de éticas e respeito pelos outros.  Não somos todos iguais. Ponto. Há que respeitar a individualidade de cada um, os sonhos, os desejos, os gostos, as escolhas. Cada um deve ser o que quiser, o que escolher ser, cada um deve viver como quiser, como se sentir melhor e mais feliz.  Não nos cabe a nós julgar, apontar o dedo ou olhar com desdém!  Não sou perfeita, longe disso. Não consigo mudar

Os amores da vida

Há várias formas de amor e várias formas de amar. Há quem ame tudo e todos, há quem não ame ninguém, há quem seja mais ou menos selectivo nas pessoas a quem abre o coração.  Eu não amo qualquer pessoa, aliás amo muito poucas, mas as que amo é para sempre, incondicionalmente. Talvez nem sempre o mostre, mas elas sabem bem quem são.  Para mim o amor só faz sentido assim, refinado, selectivo, escolhido a dedo. Não podemos colocar no mesmo patamar todas as pessoas que gostamos, porque correríamos o risco de banalizar uma coisa que é, ou deveria ser, preciosa.  Podemos gostar de muita gente, podemos simpatizar com outros tantos, podemos gostar de estar com várias pessoas, mas amar, amar mesmo, não.  Não amamos todos. Eu pelo menos funciono desta maneira. Penso que só assim faz sentido. Amo as pessoas que me são mais próximas, que me tocam mais profundamente que, de alguma forma, tornam a minha vida mais preenchida, com mais sentido.  No entanto, este amor não nasce do zero, não é d

Qual o nosso lugar no mundo?

Muitos de nós, demasiados talvez, ainda não o descobrimos. Ainda não conseguimos perceber, o que andamos cá a fazer, qual o nosso propósito de vida, qual a nossa vocação, aquilo que nascemos para fazer. Muitos acabam por nunca saber, por nunca encontrar o seu caminho, deixando-se apenas levar, deixando-se ir ao sabor do vento, sem nunca dar um passo a mais, um passo ao lado, sem nunca fazer um desvio para experimentar novas rotas e novos mundos. Imaginem que os nossos antepassados navegadores tinham feito o mesmo? Sem desbravar “mares nunca dantes navegados”, hoje estaríamos aqui, sem o privilégio de conhecer o que nos rodeia, confinados apenas ao nosso pequeno mundo, sem conhecer outros mundos, tão iguais e tão diferentes do nosso. Nem todos nascemos com um dom claro, nem todos sabemos de caras aquilo de que gostamos ou o que nos veríamos a fazer no futuro. Nem todos temos a sorte de encontrar uma ocupação ou um trabalho que nos preencha por inteiro. Nem todos temos que ter a

Coisas da vida

A vida não é linear. Não estamos sempre bem, não estamos sempre mal, há dias bons, há dias assim-assim, há horas muito difíceis.  A vida põe-nos muitas vezes à prova e prega-nos partidas que não estávamos à espera. Tira-nos o chão, puxa-nos para trás, dá-nos um murro no estômago, mostra-nos que nada é certo e tudo é imprevisível.  Há momentos bons, em que rimos até chorar, até doer a barriga, sorrimos com todas as forças, damos gargalhadas, dançamos, dizemos parvoíces e brincamos como se voltassemos a ser crianças. Momentos em que parece que tudo encaixa, tudo está no sítio certo, tudo está bem, tudo vai seguir o seu rumo. Momentos em que estamos com quem gosta verdadeiramente de nós e isso basta. Nesses momentos tudo isto é o que basta.  Mas a vida continua a girar e o que ontem pareciam momentos bons, hoje já passaram, ficaram para trás, não voltam nem se podem repetir exatamente como foram.  A vida, sabiamente ou nem tanto, acaba por nos mostrar a verdade nua e crua, doa

Um outro olhar

Não podemos julgar o sofrimento dos outros pelo nosso. Não somos todos iguais, não sentimos todos o mesmo, nem todos damos valor às mesmas coisas, nem todos sofremos ou mostramos o sofrimento da mesma forma. Há pessoas que ficam de rastos com o sofrimento ou com as adversidades e transparecem isso a quem as vê, porque não sabem ser de outra forma, não conseguem erguer-se sem primeiro recompor o seu coração. E há aqueles em que por mais que sofram, por mais que se sintam no chão, ou sem ele, sorriem. Continuam a ter uma palavra de alento para os outros, continuam na luta, continuam a mostrar que estão bem, apesar de não o estar, porque essa é a sua essência. Por isso, não podemos avaliar o sofrimento dos outros pelo seu exterior. Não podemos quantificar aquilo que sentem pelo que nos mostram, porque corremos o risco de ser injustos. E, sempre que possível, devemos colocar-nos no lugar dos outros e pensar “e se fosse comigo? O que é que eu sentiria?” Porque é muito fácil fal

Avó

Aprendemos muito com os nossos antepassados... E não estou a falar dos dinossauros nem dos faraós! Esses estão lá nos livros de história e em paragens mais longínquas. Estou a falar dos nossos antepassados mais diretos, daqueles que fazem parte da nossa história, aqueles que ajudaram a formar a nossa maneira de ser, o nosso carácter, a nossa personalidade. Tive a sorte de conhecer e conviver com grande parte deles. Conheci duas bisavós, com quem privei bastante e de quem aprendi e ouvi histórias e ensinamentos de tempos passados. E conheci os quatro avós. Convivi mais com uns do que com outros, por uma questão geográfica apenas, uma vez que os avós paternos viviam mais longe. Quanto aos avós maternos formaram grande parte da minha personalidade porque sempre vivi com e perto deles. Tive a sorte de ser acarinhada, ensinada, protegida e criada por eles. Talvez lá longe, nesse tempo, não desse o devido valor, mas hoje sei que a importância deles foi tremenda. Do meu avô herdei um

Afetos...

Todos precisamos de afetos, de carinho, de amor... Todos temos dias em que precisamos de um abraço, de uma mão pelo cabelo, de um sorriso, de um olhar sincero que nos diz "está tudo bem, vai ficar tudo bem". Mesmo que às vezes saibamos que não há forma de saber se isso vai ou não acontecer, se isso é ou não verdade, sabe bem ouvir e sentir essa força. Mesmo que no final isso não se confirme, ali, naquele momento, sentimo-nos melhor, mais confiantes, acarinhados e confortados, por aquele gesto.  Até eu, que não sou dada a grandes demonstrações, tenho os meus dias de coração mole. Dias em que também preciso de mimo. Todos temos. Mesmo as pessoas mais duras e frias, precisam a certa altura de sentir o calor de um abraço, de uma mão. Talvez não valorizem na hora, talvez digam que não, mas a verdade é que todos precisamos de amor.  Sabe bem sentir que temos quem goste de nós, quem nos cuide, quem nos estenda a mão em dias sombrios, quem nos faça ver o sol para lá das nuven

Perdas de tempo

Perdemos demasiado tempo na vida com coisas que não têm interesse e com pessoas que não nos acrescentam nada.  Podemos até no momento achar que aquela pessoa, aquele momento é bom, que nos vai fazer bem, apesar de ser alguém com quem não temos grande afinidade ou simplesmente alguém com diferentes pontos de vista, ou alguém com quem não vamos aprender nada.  Não estou a dizer que alguém que não tenha as mesmas ideias, que não se interesse pelas mesmas coisas que nós, seja de pouco valor. Não é isso que está em causa.  Simplesmente, muitas vezes perdemos tempo, damos importância e tentamos até mudar pessoas que, definitivamente, nunca vão deixar de ser quem são, nunca vão aprender nada com a vida, nunca vão andar para a frente.  Porque a vida está sempre a ensinar-nos, está sempre a mostrar-nos o caminho, a dar-nos pistas e quem não as sabe captar, fica para trás.  E, por isso, apesar de não podermos julgar os outros, de não devermos descriminar, também não podemos deixar-

Segundas-feiras

As segundas-feiras são sempre difíceis.  Quando se trabalha, num horário normal, é o recomeço de mais uma longa semana de trabalho, com tudo o que isso implica e mesmo quando se tem outros horários, mesmo que se trabalhe o fim-de-semana, a segunda tem sempre aquele peso de início de semana.  Olhamos para este dia como um novo recomeço, mesmo sem o ser, como se se tratasse de um novo ciclo.  Mesmo quem não trabalha fora de casa, ou quem está temporariamente sem o fazer, olha para a segunda-feira com um olhar meio de esperança, meio desconfiança. É mais uma semana, mais um início, mais uma oportunidade ou mais uma semana em que nada acontece.  Quem está em busca de algo novo, de alguma mudança, é natural olhar para este dia com um "esta semana é que vai ser", "segunda-feira começo a dieta", "segunda-feira começo a fazer exercício", "esta semana vou mudar tudo"... E muitas das vezes, a semana começa e termina e nada muda, nada fizemos para

Parabéns

Quando alguém que nos é muito querido completa mais um aniversário, é natural chegarmos a certo ponto da história, em que as palavras nos faltam para dizer o que quer que seja, para desejar seja o que for. Porque já tudo foi dito, já tudo foi desejado, já tudo foi parabenizado. E a certa altura dá a sensação de "déjà vu"... Parece que estamos sempre a dizer as mesmas coisas, parece que estamos a repetir, ano após ano, as mesmas palavras tantas vezes ditas.  Também é verdade, que depois de anos de amizade, de amor, de vivência, de partilhas e conversas, as palavras são desnecessárias, porque um já sabe aquilo que o outro sente e pensa, e porque também, mais vale mostrar por acções do que com meras palavras.  No entanto, acho também importante dizer sempre o que sentimos, reforçar aquilo que achamos, aquilo que nos vai na alma. E sendo eu alguém que gosta de letras, nada melhor do que as usar para exprimir o que sinto.  E quando alguém que se gosta muito está, mais uma

Pai

O meu pai é o melhor, porque é o meu... E se pudesse escolher não escolheria nenhum outro. Podemos não estar sempre de acordo, podemos ter opiniões e ideias muito diferentes, mas quando há amor e respeito, ter uma opinião diferente não significa estarmos de lados opostos, significa apenas, que somos diferentes, como somos todos aliás, mas estamos juntos da mesma forma, amamo-nos da mesma forma e seguiremos unidos da mesma forma. Hoje o meu pai faz anos. E eu só posso desejar-lhe o melhor de todos os mundos e que continue firme, batalhador e inquieto como sempre. Não sabe estar parado, mas é isso que o faz assim, lutador, trabalhador, cheio de ideias e projectos, que apenas a falta de tempo atrasa o dia em que verão a luz dia. Mas é isso que o mantém em movimento, é isso que o leva para a frente, é isso que faz dele a pessoa que é. Agradeço nunca me ter faltado com nada, a mim, a nós. Agradeço o apoio total e incondicional, ao nosso núcleo forte, à nossa família. Podemos vaci

A vida é demasiado curta...

A vida é curta demais para pensar duas vezes.  A vida é curta demais para seguir o protocolo.  A vida é curta demais para arrependimentos, rancores, ódios, amarguras.  A vida é curta demais para perdas de tempo inúteis, sem importância, sem valor.  A vida é curta demais para olhar para trás à espera que o passado volte.  A vida é curta demais para seguir as regras, viver pelas normas, fazer o que nos é dito e ditado pelos demais.  A vida é curta demais para dar tempo a quem não merece, a quem não nos merece, a quem não nos dá retorno.  A vida é curta demais para não olhar para o lado, para os outros, para não estender a mão, para não fazer sorrir.  A vida é curta demais... E demasiado importante, demasiado preciosa para ser desperdiçada. Demasiado curta para não ser vivida.  Mas ser vivida segundo as nossas regras, os nossos princípios, os nossos gostos. Ser vivida ao nosso ritmo, no nosso tempo, com o andamento que lhe quisermos dar.  A vida é fugaz e imprevisível

Aparências

Vivemos na era da aparência, da futilidade... A maioria das pessoas procura apenas mostrar-se, tanto física como intelectualmente, muitas das vezes fazendo os outros crer apenas numa ilusão, num holograma. Basta ver as redes sociais e constatar os factos. Claro que existem excepções, claro que não se pode generalizar, mas muitas das vezes, vezes demais aliás, o que se vê ali não é a realidade.  E quem diz nas redes sociais, diz na vida em geral! Muitas pessoas escondem o que realmente são, mostram apenas aquilo que lhes interessa, tentando ludibriar quem está de fora.  Aparentemente, toda a gente é feliz, todos são amigos, todos se adoram, todos são lindos e maravilhosos, com fotos fantásticas a comprovar toda esta vida perfeita.  Não entendem que a vida de cada um só aos próprios diz respeito? Não entendem que não adianta enganar os outros quando não nos podemos enganar a nós mesmos? Não percebem que a verdadeira beleza vem de dentro, está na nossa essência, na nossa alma

A espera do tempo...

Quantas vezes ansiamos que chegue o fim do dia, que chegue a sexta-feira, que chegue o final do mês? Quantas vezes pedimos para o tempo passar depressa, para chegarmos a casa, para ficarmos de fim-de-semana, para chegar aquela data especial? Quanto mais desejamos um outro dia, uma outra hora, um outro calendário, estamos a viver em piloto automático, porque não estamos a viver o momento… Não estamos a aproveitar o tempo em que estamos, estamos apenas a esperar que ele passe… Claro que nem todos os dias são bons, muitas vezes a maioria é apenas normal, banal, igual a tantos outros, mas se o passamos na esperança que acabe, não tiramos nenhum proveito dele. Devemos, devíamos, viver cada dia, com a calma dos dias bons, respirar sempre que necessário, fechar os olhos, contar até três, inspirar e recomeçar… Deixar o dia fluir, deixar o tempo tomar o seu rumo naturalmente, sem pressas… Porque a ansiedade, a vontade que tudo passe, a pressa de novos dias, leva-nos pela vida sem a v