Pular para o conteúdo principal

Palavras suspensas

Há dias em que as palavras nos faltam.
Dias em que não conseguimos destrinçar o novelo dos pensamentos, nem encontrar aquele fio perdido que nos permite dar seguimento a uma simples frase. 
Há momentos em que, simplesmente, não conseguimos traduzir aquilo que estamos a sentir. 
Dias tristes, sem razão aparente, em que tudo está exatamente como ontem e, provavelmente, igual ao que estará amanhã. Não falta nada essencial, tudo o necessário, o estritamente necessário, está lá, mas falta tudo o resto. 
Falta o calor, falta a luz, falta a brisa no rosto, falta a voz calma e calorosa que nos diz: "Vai ficar tudo bem." "Vai dar tudo certo." "Acredita!" 
Nem todos os dias são bons. 
Nem todos os dias são de esperança. 
Há dias de saudade, de tristeza, de falta de esperança e de perspectivas para dar um passo em frente e seguir. 
Há dias em que só apetece "estar". 
Estar aqui, pairar pelo dia fora, sem fazer nada que contrarie o rumo que ele possa tomar. 
Há dias assim, em que apenas estamos aqui e nada mais. 
Mas precisamos "ser". 
Ser mais! 
Ser fortes, ser convictos, ser mais atentos aos sinais que nos chegam. 
Temos saudades? Pois demos um passo em frente, mesmo sem sair do sítio. 
Estamos tristes? Um sorriso. Procuremos um sorriso que nos faça felizes, mesmo que só por um instante. 
Falta a esperança? Vamos buscá-la! 
Basta olhar para o lado, para vermos que está cá tudo. Tudo aquilo que precisamos para viver e sermos felizes, está ao alcance da nossa mão. 
Por vezes as palavras ficam presas na garganta. Mas a nossa voz pode levantar-se de muitas formas. Basta haver motivos para que ela se faça ouvir. 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Novos tempos

 Vivemos dias estranhos.  Tempos em que deambulamos, tal fantasmas, tentando perceber os quês e os porquês, tentando decifrar o caminho mais seguro, tentando aprender os novos tempos que nos sufocam os gestos e a alma.  Ansiamos por liberdade, por abraços e afetos, por respirar o ar livre de quem sabe o amanhã risonho e seguro.  Por agora resta-nos continuar este trilho inseguro, com um nó no peito, entre o assustados e o expectantes, sem saber quais as verdades que nos estão reservadas.  Cabe-nos seguir com um misto de esperança e incerteza, precavidos e desalentados, com fé no futuro, mas receio nos dias, dando o melhor de nós a cada esquina.  A esperança permanece, por mais dura que seja a viagem. Apesar dos tempos em que nos dizem que as lonjuras são necessárias, esperamos pelo dia em que as distâncias se apaguem e os sorrisos nos voltem abertos e espontâneos, tal como os braços que não mais se fecharão.  Aguardamos pelas mesas, novamente cheias, de risos e gargalhadas, os espaços

Deixa o tempo passar...

E quando a esperança começa a esmorecer?  Pensamos: "Amanhã será melhor!"  Mas o amanhã chega e é igual ao hoje, que já tinha sido igual ao ontem...  Esperamos uma luz, um vislumbre de mudança, damos um passo em frente, mas o caminho mantém-se e volta a levar-nos a lugar nenhum.  Olhamos ao redor e tudo parece igual, tudo se fecha à nossa volta e insiste numa espiral repetitiva em que, por mais voltas que dermos, voltamos sempre ao mesmo ponto de partida. Apenas mais cansados, mais céticos e menos crentes no futuro.  Não podemos ficar parados à espera que as oportunidades nos batam à porta, isso é óbvio. Mas as energias esgotam-se em voltas e mais voltas, sonhos e projetos, em metas e ideias que nunca veem a luz do sol. Por mais que se tente, por mais que se pense, por mais que se sonhe, a vida teima em mandar-nos de volta para o mesmo lugar. Como que a mostrar-nos que não basta a nossa vontade, não basta o querer, não basta sonhar.  As coisas acontecem quando e