Sempre que me pedem para dizer as
minhas qualidades e os meus defeitos, deparo-me com uma espécie de bloqueio
quando chega a vez das qualidades. Ao passo que os defeitos saem naturalmente,
as qualidades ficam presas num recanto qualquer da mente e não há meio de sair.
Talvez porque não goste muito de
falar de mim, talvez por modéstia ou por receio de, mais tarde, defraudar as
expectativas de quem ouve, ou apenas porque ache que são mais os meus defeitos
que as minhas capacidades.
Na verdade, é mais fácil
identificarmos os nossos defeitos do que as qualidades e, por isso, enumerar
apenas umas quantas coisas positivas em nós, torna-se difícil, ao passo que as
más saltam cá para fora sem esforço.
E quando, num dia já de si mau,
alguém nos faz sobressair esse nosso lado mais negro, vai tudo por água abaixo…
Aí nem uma qualidadezinha que seja conseguimos encontrar!
Já fui segura de mim, já fui
derrubada na minha segurança, já me achei com todas as capacidades, já achei
que não valia grande coisa…
Acho que também tem um pouco a
ver com as circunstâncias externas. Não podemos (e serve também para mim) é
deixar que nos derrubem e que deitem por terra as nossas convicções. Porque não
é o exterior que faz aquilo que somos, não podemos deixar que, quem está de
fora, influencie a forma como nos avaliamos a nós próprios. Cada um vale o que
vale, cada pessoa tem os seus defeitos e virtudes, apesar de uns penderem mais
para um lado que outros.
Tenho muitos defeitos… Tenho
algumas qualidades… O que procuro é que os defeitos não atrapalhem as
qualidades e não se sobreponham a elas e que as qualidades me ajudem sempre a
superar-me, a superar os obstáculos, a ser melhor do que fui ontem…
Acho que, apesar de tudo, temos
que acreditar em nós mesmos, ou mostrar que acreditamos, para que essa
confiança, mesmo que ténue, passe a mensagem de segurança cá para fora.
Se assim for, as fraquezas, se as
tivermos, ficam acessíveis apenas se, e quando, nós quisermos e para com quem
as quisermos partilhar.
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