Há dias que devíamos riscar do calendário. Esses dias, passávamos à frente como se não existissem, fazíamos uma ponte imaginária e saltavamos para o dia a seguir. E com ele, todas as memórias e acontecimentos desse dia.
Se tudo serve para crescermos?
Sim, tudo serve para nos ensinar a entender melhor a vida e quem nos rodeia.
Mas também é verdade que há dias que, por mais voltas que dermos, nunca vamos entender, nunca vamos aceitar, nunca vamos retirar nada de positivo.
Por isso, eliminavamos esses dias!
Ficávamos a hibernar, no nosso casulo, à espera que o dia passasse, sem o ver, sem o sentir e sem pensar em nada.
E depois acordávamos, no dia seguinte, com um novo alento, porque ficou para trás aquilo que nos magoa.
Claro que isto não é possível, por mais que quiséssemos que fosse. E, bem vistas as coisas, se fossemos a riscar todos os dias que nos ferem, acabávamos por viver apenas a meio gás, vivíamos apenas meia vida.
No entanto, acredito que aquilo que nos provoca dor no mais íntimo do nosso ser, não serve para nos fortalecer, não da forma como se possa pensar. Aquilo que nos magoa e nos fere de forma permanente, apenas nos derruba e nos faz duvidar do nosso valor e da nossa força.
E, já que não dá para riscarmos esses dias e, consequentemente, essas dores, temos que travar uma luta interior descomunal, para fingir que eles não existem, para fingir que está tudo bem, para levar até ao dia seguinte o nosso corpo e a nossa alma.
E quando lá chegarmos, respiramos fundo, olhamos em frente, sorrimos e dizemos baixinho "já passou, consegui".
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