Em que podemos acreditar quando deixamos de acreditar?
Onde vamos buscar forças quando já não existem forças?
Como voltamos a confiar em nós e nos outros quando a confiança se acaba?
Como voltamos a abrir o coração quando este se fechou a sete chaves?
Como voltamos a dar-nos quando nos sentimos vazios?
A vida por vezes tira-nos aquilo que temos como certo. Outras vezes, são circunstâncias e fatores externos que fazem com que fiquemos sem algo que consideramos indispensável para sobreviver.
O que fazer quando nos sentimos sem chão, sem rumo, sem vida?
A verdade é que falar é muito fácil... Podemos dizer que amanhã será melhor, que mais cedo ou mais tarde as coisas se vão resolver, que um dia tudo irá melhorar.
Mas no fundo, ouvir estas coisas de pouco ou nada adianta, quando não o conseguimos sentir. Quando no fundo de nós não há uma réstia de esperança, quando nos sentimos ocos, de que servem as palavras?
Podemos ouvir todas as promessas, podemos sentir todo o carinho, podemos sentir-nos rodeados de pessoas, que isso não vai mudar em nada a nossa solidão interior.
O que fazer então? Como lutar numa luta desigual?
Ir jogando à defesa... É talvez a única coisa a fazer... Ir deixando a porta entreaberta, para coisas novas entrarem, mas sem a abrir demasiado. Ir absorvendo as boas energias de quem está do nosso lado e deixá-las em banho-maria, deixar que vão tomando conta de nós, a pouco e pouco, para que a nossa confiança vá crescendo lentamente.
Não podemos esperar que uma alma ferida se recomponha do dia para a noite, porque tentar remendá-la à pressa iria rompê-la ainda mais.
Um dia, quando reaprendermos a confiar em nós mesmos, quando aprendermos a colocar as coisas em perspectiva, quando conseguirmos ver as coisas com um outro olhar, talvez o peso das coisas mudem. Nessa altura seremos capazes de viver novamente. Com algumas cicatrizes, com mágoas que vão ficar sempre, mais ou menos camufladas, mas com alento para seguir em frente.
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