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Saudade


Talvez seja um lugar comum, mas a verdade é que ninguém sente a saudade tão bem como nós, os portugueses. É uma palavra tão nossa que nem sequer se traduz em nenhuma língua. Mas talvez esta falta de tradução, seja porque este sentimento não se consegue explicar por palavras... O ardor, o aperto no peito a dor lancinante que o tempo não cura... Apazigua talvez, mas fica sempre a memória, fica sempre a lembrança, fica sempre a falta, a ausência e o vazio...
Há a saudade de quem parte, para não mais voltar... Que nos deixa sem chão, que nos faz pensar naquilo que não tivemos tempo de dizer, de fazer, que nos faz pensar que a vida é tão curta, tão injusta, que nos faz arrepender dos abraços que não demos...
E há a saudade de quem ainda cá está, mas mais ausente, mais longe, mais focado na sua vida, no tempo que não pára e que não volta...
Mas se numa delas, apenas nos restam as lembranças, porque apesar da dor e da vontade, nada podemos mudar. Na outra, podemos parar, olhar em volta e correr atrás. Correr atrás dos momentos, correr atrás dos sorrisos, distribuir abraços, distribuir amor, fazer com que o tempo volte. E se é verdade que os momentos que passaram não voltam, também é verdade que há sempre novos momentos para viver, novas memórias para criar, novos horizontes para olhar e novas histórias para contar.


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