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As inconsistências do tempo

O tempo é uma coisa estranha.
Quando estamos à espera de uma data especial, de algo bom que irá acontecer, parece que o tempo se arrasta, que os relógios do mundo decidiram parar, que os dias congelam sem sair do lugar.
Mas quando queremos que o tempo abrande, que passe devagar, que se detenha num determinado instante, ele passa a correr, basta piscar os olhos e o momento já passou.
Quando estamos bem, com alguém de quem gostamos, quando nos sentimos felizes, alegres, em paz, o tempo passa num segundo, quando nos apercebemos já ficou para trás, já acabou, já voltamos à realidade.
Por outro lado, quando estamos em locais que nos sufocam, em situações difíceis, onde tudo o que queríamos era poder sumir como que por magia, os ponteiros teimam em não sair do lugar, arrastando a realidade por um tempo que nos parece infinito.
Como podemos contrariar o mau feitio do tempo?
Na verdade, o tempo passa sempre da mesma forma, pouco se importando com aquilo que estamos a sentir, completamente indiferente à nossa vontade e aos nossos desejos.
Uma hora serão sempre 60 minutos, na alegria e na tristeza.
O que podemos e devemos fazer, é multiplicar os momentos bons, as horas felizes, os segundos de alegria, para que o passar dos dias seja sempre algo agradável e que nos dê prazer.
Relativizar os momentos menos bons e não lhes dar a importância que eles teimam em tomar.
Tirar o melhor partido da vida, da liberdade, do ar puro que ainda temos, do amor e da amizade, da família, das pessoas que nos fazem bem, aconteça o que acontecer.
O tempo é fugaz. Pode parecer interminável, por vezes, mas não o é… Passa, na sua cadência monótona, sem parar, sem se importar com nada nem com ninguém.
Passa, e nós passamos por ele, sem darmos conta daquilo que realmente importa.

Vamos aproveitar a viagem, sem desculpas, sem medos, sem merdas!


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