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A esperança do tempo

Sempre nos disseram que o tempo cura tudo, que ajuda a cicatrizar as feridas, a apaziguar as almas revoltadas, a acalmar as mágoas.
E nós esperamos…
Deixamos o tempo passar, aguardamos dia após dia, que ele faça o seu efeito, esperamos ansiosamente que tudo passe, que tudo volte ao seu lugar.
Deitamo-nos, um dia após o outro, e pensamos “será amanhã?”
Será que após esta noite tudo girará de novo no seu eixo natural?
Será que ao raiar da aurora tudo terá passado?
E assim vamos passando o tempo, a aguardar que o tempo passe.
A esperança de que esta teoria esteja certa, vai-nos alimentando, vai-nos permitindo aguardar, vai-nos levando pelos dias em busca da sua concretização.
E quando o tempo já passou?
Dias, semanas, meses…
E tudo se mantém igual…
Quando as dores que era suposto estarem curadas, continuam a arder.
Quando as mágoas que deveriam ter desvanecido, continuam a sufocar.
Quando as feridas que já deviam estar saradas, se mantêm em carne viva.
Quando as esperanças que alimentamos meses a fio, começam a fraquejar.
A vida não tem manual de instruções. Não nos podemos guiar por aquilo em que os outros acreditam, porque todos sentimos de forma diferente, ninguém sofre ou sente o mesmo que nós.
Podemos ouvir palavras de alento, devemos amparar-nos em quem nos quer bem, em quem nos mantém de pé, mas aquilo que sentimos no mais íntimo do nosso ser, será sempre apenas nosso.
Não sentimos todos de forma igual e, por conseguinte, não curamos todos da mesma maneira.
Há dores, mágoas, feridas que ficarão sempre gravadas em nós.
Mas ensinaram-nos a ter esperança, a ter fé em dias melhores, a lutar para ultrapassar os obstáculos.
E nós cá estamos, lutando e esperando, que o tempo passe e cumpra o seu papel.




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