Já se vêem as luzes de Natal pelas ruas, coloridas e brilhantes, estáticas ou piscando a compasso.
Já se vê o corrupio nas lojas, nas ruas, tudo em busca do presente perfeito.
Já se vêem as crianças ansiosas, com a felicidade que apenas elas conseguem demonstrar, aguardando aquela que é a quadra mais festiva do ano. O brilho no olhar, o sorriso no rosto e, no coração, a genuína alegria de quem tudo espera do mundo.
Lembro-me apenas de dois presentes recebidos em criança: uma bicicleta, que muito me intrigou por não conseguir entender como é que o Pai Natal a conseguiu colocar ali, debaixo do pinheirinho e um mealheiro vermelho em formato de saco de dinheiro. Era em napa vermelha, com um cifrão gravado a dourado (sim, porque eu sou do tempo dos escudos!).
Não me lembro de mais nenhum presente... Mas lembro-me bem do Natal e do que ele significava. A mesa cheia, de tudo aquilo, que muitas vezes não comíamos durante o ano, mas cheia também pela família reunida, pela união, pela alegria que era, pela simplicidade, por naquele dia todos os problemas ficarem lá fora e apenas entrarem as histórias de tempos idos, contadas pelos mais velhos, os jogos em grupo, as conversas e brincadeiras.
E isto é o Natal... Com pouco ou com muito, com presentes ou sem presentes, mas com aquilo que é essencial, a família, os amigos, aqueles que não são família mas que a vida fez com que nisso se tornassem, os abraços, o calor do aconchego, os sorrisos, os beijos, os carinhos.
Pode faltar tudo, mas havendo o calor dos nossos, havendo amor, havendo união, o Natal estará vivo e permanecerá em nós.
Infelizmente, nem todos vêem esta época da mesma forma... Há quem valorize o consumismo e substitua o "estar" pelo "dar", há quem prefira dar bens materiais, gastar rios de dinheiro, correr todas as lojas em busca do presente ideal, quando na verdade, a sua presença, o seu amor, a sua atenção são bens muito mais valiosos.
Muitas vezes compram-se coisas desnecessárias, à pressa, apenas para não falhar a prenda, quando depois falha tudo o resto.
Claro que devemos mimar as pessoas de quem gostamos, claro que devemos tentar realizar o sonho das crianças e fazê-las acreditar, enquanto der, nos sonhos e num mundo encantado, claro que é bom receber um presente... Mas devemos também entender que isso não é o essencial, isso não é o verdadeiro espírito de Natal.
É preciso fomentar essa ideia desde cedo, fazer acreditar mais no amor, na verdade, na força da união, na família, no calor humano. Dar mais abraços, estar mais presente, procurar as pessoas, aconchegar, dar amor, não só nesta época, mas o ano inteiro...
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