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Remar contra a maré

Há-de chegar o dia em que a luz ao fundo do túnel se tornará em sol, se tornará na luz que, de facto, nos irá iluminar.
É difícil ver com claridade quando temos a vista turva. É difícil olhar ao longe quando, de perto, não vemos nada que nos alimente a alma.
Como podemos pensar no depois, quando o hoje e o agora não é nada daquilo a que aspiramos, daquilo que pensamos para nós?
Como podemos pensar e sonhar o futuro quando o presente é tão cinzento, tão nublado, tão toldado…
Como podemos pensar no amanhã se temos dúvidas até no hoje?
Mas não podemos deixar-nos naufragar, não podemos deixar-nos levar pelas agruras da vida, temos que dar luta, mesmo sem forças, mesmo às escuras.
Por vezes, mesmo no mais completo breu, na mais completa escuridão, é preciso manter o passo, mesmo que incerto, mesmo que vagaroso e inseguro. É preciso dar esse passo e mantermo-nos em movimento.
Poderemos não saber o que fazer, não saber o dia de amanhã, encontrarmo-nos numa encruzilhada sem saber qual o caminho que devemos seguir, mas de certeza que, qualquer que seja o passo que dermos, será o certo. Porque é essa passada, esse passo em frente, que nos levará para fora de onde nos encontramos agora.
É preciso acreditar, sempre, que o melhor está lá à frente, que havemos de lá chegar, que, um dia, por mais longínquo que seja, havemos de ter aquilo que é nosso por direito.
Temos que manter a cabeça erguida, seguir em frente e remar contra a maré porque, um dia, o mar vai acalmar, a tempestade passa e aí, vamos apenas apreciar a viagem. 








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