Pular para o conteúdo principal

Queixas

Vou fazer uma promessa a mim mesma, promessa que provavelmente vou quebrar já na próxima semana, ou daqui a duas, depende do tempo que me aguentar. Mesmo assim, vale a pena fazer esta promessa, nem que seja só para me fazer sentir melhor.
Prometo que, de agora em diante, não me vou queixar.
Não me vou queixar da vida, não me vou queixa da falta de sorte, não me vou queixar da solidão que por vezes me invade, não me vou queixar das saudades, não me vou queixar...
As queixas são normais. E eu até percebo e concordo, que se aprendermos a olhar a vida com outros olhos e a olhar os problemas dos outros, iremos constatar que, afinal, não temos assim tanta razão de queixa.
Mas quando estamos de rastos, a sentir-nos mal e perdidos, a última coisa que pensamos são os outros. Nesses momentos só pensamos em nós próprios e na falta que nos faz um abraço apertado. Como diz a música "dá-me um abraço, não digas nada"...
O que mais me irrita e ao mesmo tempo me derruba, é que nem tenho razões de queixa... Mas sinto que falta algo na minha vida, vida essa que eu gostava que fosse tão diferente, tão mais fácil, tão mais simples...
De hoje em diante, não me vou queixar.
Quando me perguntarem: "Estás bem?" mesmo que esteja a morrer por dentro eu vou responder: "Estou bem, sim".
Talvez não seja justo, talvez as pessoas não mereçam ficar por fora do que estamos a sentir, mas é mais fácil, menos doloroso.
De que vale falar se com isso apenas magoamos a quem amamos. De que vale, se no fim continuamos mal e arrastámos os outros para os nossos problemas, ou devaneios, seja o que for.
De que vale partilhar se, afinal, os problemas são nossos...
Provavelmente estarei a ser injusta, infantil, imatura... provavelmente estarei a fazer um grande filme, mas de que vale a vida sem sentimentos, sejam eles de que natureza for...
O amor, o ódio, as paixões, as desilusões, as tristezas, a dor...
Sem sentimentos seríamos secos, seríamos vazios... Eu gosto de sentir... mesmo que seja a dor... porque é ela que me mostra que estou aqui, que estou viva... que há algo cá dentro...
A partir de hoje, não me queixo mais...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Palavras suspensas

Há dias em que as palavras nos faltam. Dias em que não conseguimos destrinçar o novelo dos pensamentos, nem encontrar aquele fio perdido que nos permite dar seguimento a uma simples frase.  Há momentos em que, simplesmente, não conseguimos traduzir aquilo que estamos a sentir.  Dias tristes, sem razão aparente, em que tudo está exatamente como ontem e, provavelmente, igual ao que estará amanhã. Não falta nada essencial, tudo o necessário, o estritamente necessário, está lá, mas falta tudo o resto.  Falta o calor, falta a luz, falta a brisa no rosto, falta a voz calma e calorosa que nos diz: "Vai ficar tudo bem." "Vai dar tudo certo." "Acredita!"  Nem todos os dias são bons.  Nem todos os dias são de esperança.  Há dias de saudade, de tristeza, de falta de esperança e de perspectivas para dar um passo em frente e seguir.  Há dias em que só apetece "estar".  Estar aqui, pairar pelo dia fora, sem fazer nada que contrarie o rumo qu

Novos tempos

 Vivemos dias estranhos.  Tempos em que deambulamos, tal fantasmas, tentando perceber os quês e os porquês, tentando decifrar o caminho mais seguro, tentando aprender os novos tempos que nos sufocam os gestos e a alma.  Ansiamos por liberdade, por abraços e afetos, por respirar o ar livre de quem sabe o amanhã risonho e seguro.  Por agora resta-nos continuar este trilho inseguro, com um nó no peito, entre o assustados e o expectantes, sem saber quais as verdades que nos estão reservadas.  Cabe-nos seguir com um misto de esperança e incerteza, precavidos e desalentados, com fé no futuro, mas receio nos dias, dando o melhor de nós a cada esquina.  A esperança permanece, por mais dura que seja a viagem. Apesar dos tempos em que nos dizem que as lonjuras são necessárias, esperamos pelo dia em que as distâncias se apaguem e os sorrisos nos voltem abertos e espontâneos, tal como os braços que não mais se fecharão.  Aguardamos pelas mesas, novamente cheias, de risos e gargalhadas, os espaços

Que mundo é este?

O mundo está imundo. Carregado de ódio, invadido por pessoas de mau carácter, ou sem carácter nenhum, cheio de gente desumana, que não valoriza a vida, nem a sua nem a de quem está próximo. Cada dia aumenta o desamor, o rancor, a raiva. Todos os dias sobe o desrespeito pelos outros, pela vida humana. Como é possível desrespeitar aquilo que temos de mais sagrado? Como é possível não olhar a meios para atingir o final que se quer? Como podemos viver num mundo onde o ódio cresce ao virar da esquina? Onde se mata quem deveríamos ter de mais precioso, apenas por cobiça, por mesquinhez, por egoísmo… Como podemos esperar um mundo melhor, se a cada dia que passa, morre mais uma mulher, vítima da maldade de quem um dia amou. O amor não é isto! O amor leva-nos a sermos melhores, a querermos o bem de quem amamos, a preferir sofrer no lugar dessa pessoa, a querer sempre o melhor para ela, mesmo que longe de nós… O amor não nos faz matar por ciúme, por egoísmo, por desejar alguém a